domingo, 29 de novembro de 2009

Jivatman, Alma e Ser Psíquico

Jivatman, a centelha-alma e o ser psíquico são três formas distintas da mesma realidade e não devem ser misturados, pois isso confunde a clareza da experiência interior.
O Jivatman ou espírito, como é usualmente chamado em inglês, é auto-existente acima do ser manifesto ou instrumental - é superior ao nascimento e morte, sempre o mesmo, o Si ou Atman individual. Ele é o verdadeiro ser eterno do indivíduo.
A alma é uma centelha do Divino, que não está sentada acima do ser manifesto, mas desce até a manifestação para suportar sua evolução no mundo material. É em princípio um poder indiferenciado da consciência Divina contendo todas as possibilidades que ainda não tomaram forma, mas para a qual é função da evolução dar uma forma. Essa centelha está lá em todos os seres vivos do mais baixo ao mais elevado.
O Ser psíquico é formado pela alma em sua evolução. Ele suporta a mente, o vital e o corpo, cresce através de suas experiências, carrega a natureza de vida para vida. É o Ser Psíquico ou Chaitya Purusha. No princípio, ele está velado pela mente, pelo vital e pelo corpo, mas conforme ele cresce, se torna capaz de vir a frente e dominar mente, vida e corpo; no homem comum, ele depende deles para sua expressão e não é capaz de tomá-los e utilizá-los livremente. A vida do ser é animal ou humana e não divina. Quando o ser psíquico consegue através do sadhana (disciplina espiritual) se tornar dominante e livremente utilizar seus instrumentos, então o impulso em direção ao Divino se torna completo e a transformação da mente, do vital e do corpo, não meramente a libertação deles, se torna possível.
O Si do Atman sendo livre e superior ao nascimento e morte, a experiência do Jivatman e sua união com o Si supremo ou universal traz o senso de liberação, e é isso que é necessário para a suprema libertação espiritual: mas para a transformação da vida e da natureza o despertar do ser psíquico e sua maestria sobre a natureza são indispensáveis.
O ser psíquico percebe sua unidade com o verdadeiro ser, o Jivatman, mas não se transforma nele.
bindu visto acima pode ser uma forma simbólica de visualizar o Jivatman, a porção do Divino; A aspiração nesse ponto seria naturalmente pela abertura da consciência maior para que o ser possa habitar lá e não na Ignorância. O Jivatman já é uno com o Divino na realidade, mas o que é preciso é que o resto da consciência perceba isso.
A aspiração do ser psíquico é pela abertura de toda a natureza inferior, mente, vital, corpo para o Divino, pelo amor e união com a Divindade, por sua presença e poder dentro do coração, pela transformação da mente, vida e corpo através da descida da consciência maior neste ser instrumental e sua natureza.
Ambas as aspirações são essenciais e indispensáveis para a plenitude deste yoga. Quando o psíquico impõe sua aspiração à mente, ao vital e ao corpo, então eles também aspiram e é isso que é sentido como a aspiração no nível do ser inferior. A aspiração sentida acima é aquela do Jivatman pela consciência maior, com sua realização do Uno para se manifestar no ser. Portanto ambas as aspirações se ajudam mutuamente. A busca do ser inferior é necessariamente intermitente no início e oprimida pela consciência ordinária. Ela deve, através do sadhana, se tornar clara, constante, forte e persistente.

Sri Aurobindo

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